quinta-feira, 24 de abril de 2014

Diálogo

O diálogo a seguir deveria fazer parte de uma história maior que eu não possuo tempo nem talento suficientes para escrever. Porém, como o blog tem estado parado e a ideia para o diálogo me ocorreu, resolvi postar aqui. Lembrando que tudo que eu escreveu aqui não está licenciado sob uma licença especifica, logo, se você quiser criar um antes e um depois para esse diálogo, sinta-se livre.



— Mas eu só quero aprender a atirar com um arco, por que você está me fazendo perder tanto tempo aprendendo a usar uma espada?
— Deixe contar-lhe uma história. Certa vez houve nesse reino um excelente jogador de xadrez, seu nome verdadeiro não é conhecido, mas todos os chamavam de Bispo, era a peça favorita dele. Ele era sem dúvida de origem pobre e dizem que ele foi criado por um nobre falido nos limites do reino e que foi assim que aprendeu um jogo voltado para nobres.
“De qualquer forma, o rapaz era um gênio no tabuleiro e começou a ficar famoso depois de vencer alguns nobres de poucas posses por aí. A cada vitória um novo desafio aparecia e o seu “nome” começou a chegar em áreas mais internas do reino.
“Porém o rapaz tinha uma fraqueza que nem mesmo ele conhecia. Desde sempre ele estava acostumado a jogar com as peças pretas, pois ele sempre jogou com nobres e essas pessoas sentem uma necessidade de afirmar sua superioridade de qualquer forma, mesmo que seja começando em um jogo.
“Certo dia o próprio rei resolveu chamar o rapaz para um jogo. Alguns diriam que ele só queria confirmar se o rapaz era bom mesmo, mas na verdade havia um pouco de política correndo por trás da história toda. Veja bem, os boatos sobre um excelente jogador de xadrez vindo do nada e derrotando nobres no seu próprio jogo começaram a escapar das fronteiras do reino. Soldados lutam com espadas, reis lutam com dignidade.
“Alguns disseram que o próprio rei enfrentar o rapaz era muito arriscado, mas obviamente o rei possuía espiões e sabia que poderia vencer, senão nem mesmo teria feito a aposta. Jogos de xadrez costumam envolver apostas em dinheiro, e dizem que o Bispo tinha riquezas suficientes para comprar um pequeno palácio na época da aposta com o rei.
“No dia do jogo o rapaz, que estava bastante nervoso, sentou-se à mesa e por um instante ele o rei ficaram a se olhar mutuamente. Depois de alguns segundos o rei disse: “Você se importa de jogar com as brancas?”. Obviamente não se recusa o pedido de um rei.
— O rei sabia da fraqueza do Bispo?
— Não, essa não era a estratégia do rei. Embora fosse evidente essa deficiência no rapaz, nenhum dos espiões do rei a notou. Mas o rei era sábio, ele sabia que não precisava ficar mostrando sua superioridade em tudo o que fazia. Acontece que, por uma infeliz coincidência, o rei sabia que jogava melhor as peças pretas e ele precisava vencer aquele jogo.
— E qual foi o resultado do jogo?
— O esperado, um massacre. Sabe, em um jogo entre mestres qualquer vantagem, ou desvantagem, por menor que seja, é capaz de decidir um jogo. E o rapaz tinha uma enorme desvantagem por sua falta de experiência com as peças brancas.
— Mas o que houve com o rapaz? Ele perdeu todo o dinheiro nesse jogo?
— Não exatamente. Dizem que ele ainda possuía uma boa quantia, mas a derrota foi tão humilhante para ele, principalmente porque ele jogou tão mal, que ele desapareceu. Alguns dizem que ele nunca mais jogou por causa do trauma, outros dizem que ele virou padeiro e é dono de uma padaria em uma cidadezinha qualquer por aí.

“Agora que você já refletiu bastante, pegue essa droga de espada e ataque logo aquela árvore. As noites estão cada vez mais frias e eu preciso de lenha.

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