Amigos...

01 de novembro.

— Ontem eu percebi que o ano está acabando. — disse Juliana.

 “Notei isso há vários meses”, pensei eu, embora venha esse tempo todo tentando negar que, mesmo que não acabe, a amizade do nosso grupo — nosso pequeno grupo, nossa família — talvez se torne um pouco menos presente.

Então me surgiu a ideia de escrever este texto para agradecê-los e dizer a eles o grande significado que têm em minha vida — e por que não, uma vez que descobri que me expresso melhor escrevendo do que falando.

Começo com a seguinte afirmação: estes dois anos — 2010 e 2011 — foram, com total certeza, os melhores anos da minha vida. E a culpa disso é de uma garota extrovertida e baixinha que no primeiro dia de aula, ao ver-me sozinho num canto, chamou-me para junto de um grupo, dizendo que não era legal ficar sozinho. Tão responsáveis por isso também foram os dois malucos que, no segundo dia do ano letivo de 2010, me chamaram para jogar UNO; para me mostrar que não se confia em Yuri para embaralhar as cartas; e para me mostrar uma mágica fajuta que somente observando eu consegui descobrir o “grande” segredo. Logo, agradeço, em primeiro lugar, a estas três personagens.

O tempo foi passando; descobri que talvez eu e Wesley sejamos parentes e nem sabemos — embora, para mim, nós somos realmente irmãos, mesmo que um exame de DNA prove o contrário (ou não). Mais pessoas chegaram; descobri que a metamorfose é da lagarta, não da borboleta; pessoas se foram — não, ninguém morreu. Aprendi o que é o ódio de uma garota com relação a alguém — né, Juliana; aprendi que UNO aproxima pessoas — verdade, acreditem — e que, sempre que for jogar “copo d’água”, chame Mariana, ela quase sempre perde. Descobri que a casa de Yuri é o melhor lugar para reunir a turma. Ah, descobri também que eu gosto de Matemática, mas isso é outro assunto, pois não tem ligação direta com os protagonistas dessa história.

Aprendi que rotinas são suportáveis; que anime é a melhor forma de animação que existe; que passar o intervalo com seus amigos vale muito a pena; que você pode ter um amigo escritor e nem saber; que eu e o Wesley temos alguns gostos em comum  — estou falando gosto musical; que alguns professores são bem legais; que nunca se deve entrar num amigo oculto se dele participa uma maluca que embrulha seu presente como se fosse um travesseiro rosa.

O ano acabou e aprendi que despedidas são mais toleráveis quando se tem certeza de que no ano seguinte todos se encontraram novamente.

Aprendi, neste novo ano, que sou mais preguiçoso do que suspeitava; que não sabia realmente o que queria da vida, mas tive de decidir, e fiz isso como se tivesse toda uma certeza que não tinha "— Farei Ciência da Computação". Amadureci um pouco, eu acho, ou talvez não, quem sabe. Amigos se distanciaram, mesmo estando próximos, outros amigos adentram o grupo. Reaprendi que gosto de ler — e a isso devo agradecer ao Wess e a Arthur Conan Doyle. Aprendi que Juliana consegue passar um ano inteiro com um livro sem lê-lo. Aprendi que também consigo escrever algo melhor que “Crepúsculo” ou “O Fantasma da Meia-Noite” — vão me matar por isso, já estou até vendo — e este é o motivo pelo qual este Blog existe. Descobri o que é dengue, mas não foi legal.

Senti medo quando percebi que o futuro é incerto; que eu não vivia antes, e que teria de me afastar daqueles que me mostraram o caminho para a felicidade — melancólico, não; mas eu sou assim, a maior parte do tempo me sinto triste, exceto quando estou rodeado pelos amigos. Resolvi acreditar que tudo dará certo — e fica a dica: não se preocupe; isso somente nos torna mais velhos.

Continuei vivendo. Não tive um momento sequer do qual eu me arrependa. O tempo passando e eu querendo que, pelo menos uma vez, o sol nascesse no oeste para se pôr no leste.

E aqui estou. Claro que não falei de tudo, algumas coisas não me vieram a mente; outras é melhor que continuem guardadas lá.

Quero então dizer aos meus amigos, meus reais amigos, que, não importa o que aconteça, não importa onde estejamos, sempre pensarei em vocês. E mais uma coisa: “Sempre sigam rumo a felicidade — o excesso de dinheiro não nos deixa felizes, quero deixar bem claro isso —, se sente-se bem fazendo algo, lute para que possa fazer disso seu sustento; desde que viva de modo saudável, fazendo o que se gosta e, talvez, com quem se ama, a felicidade já é garantida”.

Obrigado, meus amigos, pela alegria que trouxeram a este ser que não é normal, e nem tenta parecer menos maluco, mas que está certo de que sabe o que é ser feliz.