sexta-feira, 16 de dezembro de 2011

A Um Ausente

Bem, antes de postar, quero deixar claro q o nome do título é o nome de um poema de Carlos Drummond de Andrade, que se encontra ao final desta história. Não levo muito jeito para escrever, mas vou me empenhar de coração. Boa leitura ^^/

Sentei no velho banco surrado pelo tempo, abri meu pequeno livro e folhei procurando respostas. Não demorou muito ele chegou, permaneceu de pé ao meu lado, olhando como se esperasse uma resposta de algo que nunca me foi perguntado, querendo a fundo saber o que eu realmente sentia e por que aquilo havia acontecido.
Levantei-me e corri na direção oposta a que ele se encontrava, não queria vê-lo, não daquele jeito, em pé e sério. Onde foram parar as risadas, as promessas, os abraços, as brigas?
Por fim, cheguei aos roseirais, os mais belos roseirais que existiam na colina. O vento batendo no meu rosto, uma sensação de paz e um silêncio mórbido tomaram conta desse lugar.
"O aroma das rosas nunca mais será o mesmo, este lugar nunca mais será o mesmo".

Colhi uma recém florida e caminho em direção ao que sobrou do antigo parque central, onde tudo havia começado. Ajoelho-me, e repouso a rosa em sua lápide, inconformada em ter que deixar o homem que tomou meu coração morrer por conta de uma doença sem cura, sem tratamento, maldito câncer.
"Eu ainda te amo, Aiko." – Foi quando eu senti sua mão repousar sobre meu ombro, e sussurrar no meu ouvido "eu também Kameyo".

"Tenho razão de sentir saudade,
tenho razão de te acusar.
Houve um pacto implícito que rompeste
e sem te despedires foste embora.
Detonaste o pacto.
Detonaste a vida geral, a comum aquiescência
de viver e explorar os rumos de obscuridade
sem prazo sem consulta sem provocação
até o limite das folhas caídas na hora de cair.

Antecipaste a hora.
Teu ponteiro enlouqueceu, enlouquecendo nossas horas.
Que poderias ter feito de mais grave
do que o ato sem continuação, o ato em si,
o ato que não ousamos nem sabemos ousar
porque depois dele não há nada?

Tenho razão para sentir saudade de ti,
de nossa convivência em falas camaradas,
simples apertar de mãos, nem isso, voz
modulando sílabas conhecidas e banais
que eram sempre certeza e segurança.

Sim, tenho saudades.
Sim, acuso-te porque fizeste
o não previsto nas leis da amizade e da natureza
nem nos deixaste sequer o direito de indagar
porque o fizeste, porque te foste"



4 comentários:

  1. Você deveria confiar mais em você, o texto está muito bom, bem criativo. Espero que você continue publicando coisas aqui. Seus textos são melhores que os meus, já te disse isso. Continue assim, espero ansioso pela próxima estória.

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  2. Ah, obrigada pelas palavras *-*
    Sim, vc já havia me dito, mas vc sabe com eu sou com relação a isso.
    Vamos ver quanto tempo eu levo para uma próxima postagem xD

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  3. Ótimo texto!!! Parabéns!

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