A rua era de paralelepípedos, mas
a cor predominante era o marrom avermelhado da lama barrenta. A névoa cobria
tudo ao seu redor; nada era visível, mas, de alguma forma, em sua mente
formava-se a imagem do ambiente ao redor, como se já tivesse estado ali antes.
Caminhou até um encontro de duas
ruas, a perna ainda doendo por causa daquele ferimento; a placa na esquina
indicava que viera pela Rua Nove e que a sua frente, perpendicularmente a esta,
estava a Rua Quinze. Dali avistou uma sombra três ruas à frente, no cruzamento
com a Rua Dezoito. Algo o vez permanecer naquela via — mesmo que o perigo fosse
iminente, não adiantaria fugir, pois aparentemente estava só naquele local, não
havia a quem pedir ajuda, e mesmo que fugisse, seria perseguido e cedo ou tarde
encontrado; o melhor a fazer era encarar quem, ou o que, quer que fosse aquilo.
Aproximando-se, viu que se
tratava de um homem, ou assim o parecia; ainda era apenas uma sombra.
Aparentava possuir um metro e oitenta centímetros de altura e era gordo; estava
apoiado sobre uma bengala, totalmente imóvel e meio curvado; sobre a cabeça
havia uma estranha cartola, cuja aba cobria-lhe a face. Era uma visão
assustadora, e dela provinha uma aura que incitava pavor.
Mike viu quando o homem elevou
seu braço esquerdo e com um estalar de dedos fez com que o nevoeiro
desaparecesse, permitindo a ele ver a imagem de casas de arquitetura do final
do século XVIII. E, enquanto o jovem admirava as construções que, de alguma forma,
não lhe eram estranhas, ouviu mais um estalar. Voltando seu olhar para o
estranho a sua frente, Mike percebeu que este estava com ambas as mãos
erguidas, mas a bengala a sua frente, desafiando as leis da Física, não caíra.
Nas mãos levantadas crepitavam chamas azuladas e, num movimento rápido, elas se
chocaram, criando um estrondo ensurdecedor; neste momento parte da cartola se
ergueu, mostrando um tenebroso sorriso. Mas, repentinamente uma escuridão
intransponível por qualquer fonte de luz tomou conta de tudo a seu redor.
Quando recobrou a consciência,
Mike estava deitado sobre o chão de um quarto que lhe era desconhecido.
Esquadrinhando o cômodo ele não notou muitas coisas: uma velha mesa de madeira;
um quadro representando uma floresta de pinheiros, mas virado ao contrário; e
uma estranha mancha avermelhada na parede oposta ao quadro. Mike levantou-se,
sua cabeça doía, mas era uma dor diferente de qualquer outra que já sentira.
Aproximando-se do borrão, ele percebeu que o papel-de-parede estava rasgado
naquele local; um forte cheiro de ferro estava presente naquele lado do quarto,
explicando, assim, o material do qual era constituído a mancha, mas ainda não
era possível descobrir sua fonte.
Nesta mesma parede, próximo a
área citada, havia um calendário pendurado com uma marcação em formato de
círculo. Chegou mais perto para verificar, o dia marcado era 25 de dezembro; o
que fez Mike lembrar-se do que o levara até ali.
***
Mike possuía uma irmã mais nova —
oito anos de idade —, seu nome era Annabelle. Ela estava há meses encantada com
um urso de pelúcia que ficava a mostra na vitrine de uma loja no centro daquela
pacata cidade.
A mãe deles morrera no parto de
Annabelle; o pai gastava todo a salário bebendo, chegava tarde todos os dias,
cheirando a álcool, e nunca dava a atenção devida aos filhos. Por esta razão os
irmãos foram obrigados a aprender a cuidar um do outro e a encontrar seus
próprios meios para resolver seus problemas.
Desde maio daquele ano, Mike
guardava dinheiro — mesmo uma mísera moeda — para que pudesse comprar algo para
sua irmã; e aquele urso tornou-se um presente perfeito e, embora custasse mais
do que um jovem na idade dele é capaz de arrecadar, Mike começou a aceitar
diversas formas de trabalhos, em geral curtos, mas que lhe rendiam alguma
renda.
Chegou o dia 24 de dezembro do
ano 199…, Mike ainda não possuía dinheiro suficiente, mas faltava pouco, e ele
desejava dar o presente à sua irmã no dia seguinte, então resolveu tentar
negociar com o dono da loja. Era um homem mesquinho, dificilmente deixaria que
ele levasse o urso de pelúcia por preço inferior ao anunciado. E aconteceu
exatamente isso, todavia o dono propôs ao jovem um acordo; por ser véspera de
Natal, os funcionários da loja foram dispensados do trabalho, porém, havia
algumas dezenas de caixas a serem arrumadas no estoque do estabelecimento,
logo, a ideia dele era de que, caso Mike trabalhasse na loja durante todo
aquele dia, arrumando o estoque, o urso lhe seria vendido pela quantia que o
jovem possuía.
Já era noite quando Mike saiu da
loja portando o presente de Annabelle. Uma fina chuva caia do céu, o firmamento
negro não possuía estrelas, somente a imagem desfocada da lua, cuja luz atravessava,
em alguns pontos, as nuvens que a cobriam.
Como deixara sua bicicleta, seu
único meio de transporte, em casa, Mike viu-se obrigado a rumar para seu lar a
pé. Tentava o máximo que podia cobrir o urso, pois o dono da loja negou-lhe uma
sacola, dizendo que pela quantia pela qual o estava vendendo aquele objeto, o
jovem não tinha direito a qualquer exigência.
Caminhava por uma estrada
deserta, raramente passava por ele algum veículo, e quando isso ocorria, a luz
vinda dos faróis o alertava para afastar-se mais em direção ao acostamento,
para evitar sofrer algum acidente. Não obstante à sua preocupação, algo o
surpreendeu: a alguns metros a sua frente notou um automóvel, o motorista deste
parece tê-lo notado também, pois iniciou o processo de frenagem. O jovem, sem
saber o que fazer diante a proximidade do veículo, somente teve tempo para
proteger o presente da sua querida irmã. O carro colidiu, ainda que em pequena
velocidade, com a perna direita do jovem e, logo após, finalmente parou de
forma definitiva. O choque não foi forte o suficiente para quebrar o membro,
mas a dor fora extrema, o que atirou o jovem ao chão; o urso que ele tanto
protegia escorregou de sua mão, sendo atirado para a lateral da rodovia, no
lado oposto, onde o terreno formava uma ribanceira.
Mike ergueu-se sem nem mesmo dar
atenção ao motorista que falava alguma coisa; sua perna provavelmente doía, mas
nem isso ele notou. Disparou pelo barranco; sem uma fonte de luz era difícil
enxergar algo. Quando finalmente reconheceu uma mancha que provavelmente era o
urso, ele tropeçou em algo e caiu. Uma imensa escuridão tomou conta da sua visão;
quando tudo clareou estava andando sem rumo pelas ruas daquele estranho bairro
onde encontrou aquela figura no cruzamento das ruas Nove e Dezoito.
***
— 1986? Que brincadeira é essa? —
Mike olhava na direção do ano impresso no topo do calendário.
Não houve muito tempo para
refletir sobre a estranha data, pois ele ouviu uma voz vinda do exterior do
quarto. Mike correu para a porta, abriu-a, a direita dele havia uma velha
escada de madeira — o quarto situava-se no segundo andar —, no andar abaixo
havia uma garota que aparentava sete anos de idade, esta abriu a porta
principal e correu para o jardim no exterior da casa. Mike desceu a escadaria
rapidamente, abriu a porta; lá estava a menina que vira antes, ela corria
alegremente pelo gramado; mas repentinamente um estouro foi ouvido, a menina
caiu ao chão sem vida, sangue escorria do orifício que fora aberto em seu
crânio; diante da garota estava um homem portando uma pistola, apontando-a em
direção a porta da residência.
Mike desesperadamente fechou a
porta. Mas ao olhar o interior da casa notou que este mudara completamente;
diante dele um enorme buraco se formara, impedindo-o de fugir.
A madeira do assoalho rangeu, o
piso sob os pés do jovem cedeu, atirando-o no buraco.
Mais uma vez a escuridão tomou
conta da visão de Mike. A queda pareceu durar centenas de segundos, como se a
fenda não possuísse fim. Por fim ele encontrou uma superfície macia, nem mesmo
sentiu dor ao colidir com o chão.
— Temos um novo visitante. —
disse uma voz desconhecida vinda da penumbra a frente de Mike.
— Este é mais velho que o último.
— comentou outra voz. — Por que será que ele está aqui?
— O melhor a fazer é perguntar a
ele. — a terceira voz incitava respeito, como se pertencesse a um ancião. —
Quem é você, rapaz?
— Rapaz? Ao que me parece, eu sou
mais velho que você. — Mike ainda estava surpreso por descobrir que aquela voz
envelhecida provinha de um garoto de aparentemente onze anos.
— Ah, logo vi que você não
conhece nada deste local. Não se pode julgar a idade das pessoas pela aparência
enquanto se está preso aqui. Eu mesmo deveria contar uns quinhentos verões se
me fosse possível sair daqui. Mas você ainda não respondeu à minha pergunta.
— Desculpe-me. Meu nome é Mike.
— Muito bem, Mike. Eu me chamo
Wallace. E então, sabe por que está aqui?
— Não. — Mike sentia que deveria
dizer mais alguma coisa, mas foi incapaz de pensar em algo.
— Sabe ao menos que local é este?
— Também não.
— Ele deve estar planejando algo grande para você. — Wallace falava
para si mesmo, como se refletisse em voz alta. — Venha — disse finalmente —,
vou levá-lo até ele; no caminho eu
lhe conto tudo o que você deve saber sobre este mundo.
— Espere, mas e a menina! — Mike
acabara de lembrar-se da jovem que vira sendo baleada.
— Uma garotinha no jardim da casa?
— E ao ver Mike assentindo com a cabeça, continuou. — Amanda o nome dela.
Esqueça-a, você não pode fazer mais nada por ela, está morta, ou pelo menos até
amanhã, quando reviverá novamente a sua morte.
— Não estou entendendo.
— Não se esforce muito, apenas
siga-me. Ele deve explicar-lhe o que
deseja saber.
— E quem é ele?
— Ele é ele; o senhor do
nosso mundo; vai entender melhor quando encontrá-lo. Agora ande logo, cada
segundo que perdemos é um segundo a mais que ficará sem respostas. — e
dirigindo-se para as sombras a sua frente, ordenou: — Andem logo, bando de
lesmas, acendam as luzes para que o nosso visitante possa passar.
Em poucos instantes, várias
tochas incendiaram-se, formando um caminho tortuoso através das sombras.
— Desculpe nossa falta de cortesia,
vivemos tanto tempo na escuridão que nos esquecemos de que vocês precisam da
luz para enxergar.
— Parece que todos aqui o
respeitam. — comentou Mike.
— Somente porque sou o mais velho
entre eles. Não me recordo ao certo quando cheguei aqui, mas sei que todos que
aqui estavam quando da minha vinda não habitam mais este local. — e notando a
próxima pergunta de Mike, respondeu: — Passaram todos para outra dimensão além
desta.
— Todos aqui são crianças! —
surpreendeu-se Mike ao observar melhor a multidão que os cercava de ambos os
lados, determinando o caminho pelo qual estavam seguindo.
— Somente crianças podem vir para
este mundo, você é uma exceção, pois é demasiadamente velho para habitar este
lugar. Logo penso que ele tem um bom
motivo para trazê-lo aqui.
O fato de estar indo ao encontro
de um desconhecido o incomodava profundamente, mas pelo menos ele obteria
algumas respostas.
Continuaram andando, em silêncio
durante alguns minutos, e então se tornou visível diante deles, a certa
distância, uma porta encimada por uma fonte de luz indistinguível, pois não
estavam perto o suficiente para observá-la melhor.
Mike, movendo rapidamente a
cabeça, fitou todos a sua volta. Viu de relance a imagem de uma menina que se
assemelhava imensamente com a sua irmã, mas quando retornou o olhar ela não
estava mais lá. Considerou este acontecimento estranho, o que o fez recordar
toda a insanidade dos fatos nas últimas horas de sua memória, e despertou nele
uma sensação de necessidade de fuga para reencontrar novamente Annabelle.
— Preciso sair daqui. — disse ele
rapidamente, demostrando sua inquietação.
— Eu sei disso, todos nós
queremos isso; e talvez você possa.
— O que você quer dizer?
— Nós estamos presos aqui, Mike;
não estamos neste mundo funesto vivendo nas sombras por opção própria. A nós
não é revelada saída deste lugar, duvidamos até mesmo que exista uma. Mas
talvez com você seja diferente; como eu disse, você nem mesmo deveria estar
aqui. Todavia, se há uma saída, somente ele
sabe onde ela está. — fez-se novamente silêncio por algum tempo, durante o qual
eles continuaram a caminhada. Por fim, quando chegaram à porta, Wallace disse:
— Atrás dessa passagem você o
encontrará. Penso que conseguirá respostas para todas as suas questões.
Desejo-lhe sorte; mais sorte do que a nossa. Agora vá.
Abriu lentamente a porta. Por
esta visualizou um pequeno quarto iluminado por uma luz avermelhada. Adentrou o
quarto e fechou a porta; notou um vulto e surpreendeu-se quando percebeu quem
era. Diante dele estava aquele ser que encontrou no início de sua jornada, no
encontro daquelas duas ruas.
— Boa noite, Mike Sawyer. — era uma voz medonha, assemelhava-se tanto
com uma voz masculina quanto com uma feminina.
— Como espera que eu responda, se
nem ao menos sei seu nome? — Mike estava apavorado diante daquela figura, mas
decidiu que mostraria confiança no intuito de intimidar aquele a quem chamavam
simplesmente de ele.
— Ah, sim; eu tenho muitos nomes,
mas neste momento somente um lhe interessa. Pode chamar-me de Morte. — ele
aproximava-se de Mike, que conseguiu reconhecer as feições de um velho.
— O que você quer dizer com
Morte?
— Simplesmente que eu sou aquele
que busca as pessoas quando seu tempo no mundo dos vivos termina.
— Você espera que eu acredite
nisso?
— Acredite no que quiser; mas
reflita sobre tudo que lhe ocorreu nestas últimas horas, será que você está,
realmente, em condições de duvidar de algo? — obviamente a pergunta não deveria
ser respondida, mas fez Mike pensar e lembrar-se do que realmente fora buscar
ali.
— E por falar nisso, que lugar é
este?
— Você sabia que quando morrem,
algumas pessoas não estão aptas ao descanso eterno? Certas pessoas deixam
pendências em suas vidas; algumas vezes é ódio incontrolável pelo seu
assassino; algumas vezes algo que deixou de fazer em vida; e outras vezes algum
mal que fez a alguém. De qualquer forma, estas pessoas não descansam. E quando
crianças morrem deixando alguma pendência, estas vêm para este mundo a fim de
encontrar solução para seus problemas; o problema é que a maioria delas nem
mesmo recordam-se do motivo que as trouxe aqui.
— Está dizendo que eu morri?
— Não, não, meu caro, você é
muito velho para vir para cá, você resolveria suas pendências em outro local,
assim como a maioria das demais pessoas.
— Então o que eu faço aqui?
— Algumas vezes isso aqui fica
muito monótono, então eu tento diversificar trazendo para cá alguma pessoa que
eu possa castigar um pouco.
— E este sou eu?
— Sim.
— E por que eu seria castigado?
— Na verdade você já foi, só ainda
não percebeu. E quanto ao motivo, você descobrirá.
— Como assim, já fui castigado?
— Só reflita um pouco sobre tudo
o que viu hoje. Aceita um café, meu jovem?
— Sim, obrigado.
— Sabia que café ajuda a pensar?
— disse o velho depois de encher duas xícaras daquela bebida e sentar-se numa
poltrona no centro do quarto. — Sente-se, então. — Mike aceitou a proposta e sentou-se
noutra poltrona, de frente para seu anfitrião, sorvendo a conteúdo da xícara.
— Você disse que este é o local
para o qual são trazidas as crianças mortas e que deixaram alguma pendência em
vida.
— Isso mesmo meu jovem, é
exatamente este o caminho.
— A garota mais cedo, Wallace me
disse que se chama Amanda.
— Sim, ela foi assassinada na
porta de casa por um assaltante que acabara de saquear um armazém em frente a
sua casa e atirou ao notar o primeiro movimento, pensando ser alguém que
buscava impedi-lo. A garota morreu com um terrível ódio dele; por sua morte e
também porque o armazém pertencia a sua família; mas ela não consegue se
lembrar disso, então todos os dias ela vivencia a própria morte e nunca se
lembra do motivo que a trouxe aqui. Um fato curioso é que ela também morreu no
dia de Natal.
— Também?
— Logo você entenderá. Continue
pensando.
— Uma dúvida, todas aquelas
crianças atrás dessa porta estão mortas também, certo?
— Sim.
— E por que eles vivem nas
sombras?
— Quando chegam aqui elas
raramente lembram-se de algo, então eu as mando para aquele local onde ficam
até descobrir algo sobre suas vidas, embora algumas delas nunca consigam se
recordar de algo.
— E quando elas poderão ir
embora?
— A maioria, nunca, afinal eu
preciso delas aqui. Algumas poucas que resolvem suas pendências conseguem enfim
descansar. Mas você está se distanciando da verdade que eu quero que você
descubra, pense no que viu antes de me encontrar.
Mike começou e recordar todas as
imagens daquele corredor sombrio.
— Meu Deus!
— Isso, finalmente você percebeu.
— um sorriso tenebroso podia ser visto na face daquele ser, como se sentisse
prazer em presenciar aquela cena.
— Não pode ser verdade; ela não
pode ter…
— Entende seu castigo agora; você
estava tão animado com seu emprego que se esqueceu de protegê-la; esqueceu-se
de que Walter chegaria em casa naquele dia bêbado e que poderia fazer qualquer
coisa.
— Não, isso tem de ser mentira. —
Mike não conseguia parar seu pranto, estava desesperado. — Eu preciso sair
daqui! Tire-me daqui!
— Acalme-se Mike, você já vai
acordar.
Os olhos de Mike começaram a
pesar, sentiu uma incontrolável vontade de dormir; deveria ser algo no café.
— Você… — ele não teve tempo o
suficiente nem mesmo para completar esta frase; adormeceu imediatamente.
***
Mike acordou sobre um monte de
mato, levantou-se e reconheceu o local. Perto dele estava o urso que comprara
para Annabelle e ao longe ouviu uma canção de Natal. Já era dia, por volta das
onze da manhã, pois o sol estava quase no centro do céu.
Ele saiu correndo para casa,
precisava confirmar se tudo fora um sonho eu se realmente era verdade. Sua
pressa foi tanta que até mesmo esqueceu para trás o urso de pelúcia.
***
O texto a seguir e um fragmento
da reportagem encontrada na capa do jornal da cidade na semana seguinte.
No dia 25 de dezembro do
corrente, enquanto todos comemoravam o Natal, nossos policiais descobriam a
tragédia que acometeu a família Sawyer.
Por volta das dezoito horas a
delegacia recebeu um telefonema de um dos vizinhos dos Sawyer que dizia ter
ouvido ruídos estranhos vindo da casa em frente a sua por volta das treze horas,
e que o comportamento dos habitantes da residência estava diferente do esperado
daquela família, então Jason Alembert, o vizinho, resolveu investigar e, ao
chegar a porta da residência notou uma mancha de sangue na maçaneta e recuou,
ligando para a polícia logo em seguida.
Os policiais, chegando à referida
residência, encontraram, logo no primeiro andar, de frente para a porta, o
corpo de Walter Sawyer com uma faca fincada no centro do tórax, transpassando o
coração. Prosseguindo com a investigação, os homens da lei encontraram, sobre
uma cama, no segundo andar, o cadáver de Annabelle Sawyer com grandes hematomas
na cabeça, provavelmente causados por golpes com algum objeto de metal. […]
Os primeiros dados da autopsia
indicam que Annabelle morreu pelo menos cinco horas antes de Walter. […]
O outro filho de Walter, Michael
Sawyer, não foi encontrado e é considerado o principal suspeito de ambos os
assassinatos. Pedimos a qualquer um que veja este jovem, que imediatamente
entre em contato com a polícia para que seus atos sejam enfim julgados.
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